AZEVEDO SODRÉ
A nossa Oscar Freire
Por Monique Araújo
Um passeio em plena tarde de novembro. O primeiro desafio é onde colocar o carro. É quase impossível conseguir uma vaga para estacionar na via principal ou nas paralelas. O trânsito também não dá trégua, sempre movimentado, atrapalha quem quer atravessar a rua ou simplesmente dar uma olhada nas 33 lojas com griffes e mercadorias importada. Faça sol ou chuva, a caminhada pela rua é muito agradável. Podemos contar com os estacionamentos das lojas e os manobristas, que auxiliam os clientes a encontrar um espaço para seus veículos. “O local sempre diferenciado. Uma via de acesso para o Gonzaga com belas casas e vizinhança de alto padrão. Acredito que por conta desse avanço do trânsito, os moradores foram buscando lugares mais tranqüilos e assim alugando ou vendendo os imóveis desta rua”, diz a empresária Dalila Freire.
As decorações também chamam a atenção. Os detalhes nas fachadas, as estruturas rústicas e detalhadas das edificações, os letreiros luminosos e até mesmo a ausência destes ajudam a compor o espaço. As novas construções gigantescas também ganham posição na rua. As árvores plantadas recentemente tornam o ambiente ainda mais vistoso. A coisa foi tomando uma tal proporção que o comércio atravessou a Washington Luis, dando seguimento a mais lojas.
A via Azevedo Sodré começa na rua Waldomiro Silveira, seguindo até Eloy Fernandes, formando um quadrilátero com a rua Minas Gerais. Chega a ser um shopping center a céu aberto de tantas lojas, marcas e produtos diversificados. Mas foi há três anos que este trecho ganhou reconhecimento comercial. A construção de edifícios de alto padrão e novas lojas trouxeram à Azevedo Sodré mais público. Como é o caso de Dalila Freire, uma das mais antigas freqüentadoras da rua. “Eu prefiro comprar na via do que em shoppings, pois me sinto mais livre, respirando ar puro e vendo a luz do dia. Ficou tão gostoso fazer compras por lá que é impossível você não encontrar amigos em todas as lojas e dar uma parada nas compras para bater um bom papo”. Hoje a rua é tão conhecida pela cidade, que se tornou no local ideal para as boutiques mais chiques de Santos.
Entretanto se engana quem pense que a Azevedo Sodré é muito circulada. Ainda falta aquela movimentação de pessoas atravessando de um lado para o outro da rua. “Sinto que a maioria dos clientes que passam por aqui, já vem com um destino certo. Assim não há aquela agitação de um centro comercial”, explica Welinton Magalhães, vice-presidente da Associação Vila Rica. Com tantos atributos, podemos destacar diferenças entre outros comércios? Sim, aqui podemos encontrar clientes que freqüentam a rua há anos. Eles já vêm com um caminho certo, sabendo que na sua loja de preferência irá encontrar o que procura.
Há 21 anos, Maria José saiu de Aracajú e veio para Santos. Ela é uma das pioneiras da rua e dona de um salão de beleza. “Quando cheguei na rua, só havia uns cinco comerciantes e suas lojas. Eram duas perfumarias, uma padaria, uma escola e um buffet aqui em frente. Estou há 13 anos aqui e vi muitas mudanças que colaboraram para deixar a rua com a cara de hoje. Com elas, vieram muitas lojas depois de mim”, explica Maria. Ela ainda lembra que com a expansão comercial da Azevedo Sodré, algumas das árvores foram retiradas para dar uma melhor visualização nas vitrines das lojas. Até que em 2006, o arquiteto Cesar Correa da Costa criou o projeto Plantando Vidas, que consistia em recolocar as árvores. “A rua ficou muito mais atrativa”, diz a cabeleireira.
Esta atitude agradou não só Maria José, como também Iriana Bottene, proprietária de uma boutique de moda feminina e masculina, com estilo mais casual e moderno. Ela tem a loja instalada na rua há quase cinco anos. “A plantação de árvores deu uma arborização na rua”, conta. O diferencial da rua, para Iriana, é o fato das pessoas capricharem na decoração de suas fachadas. “Aqui todos se preocupam com os detalhes, tornando a via charmosa”.
A Azevedo Sodré também é representada pelas mercadorias. Atualmente, encontramos produtos para diversas classes sociais, podendo tomar um café expresso na padaria da esquina, gastando apenas R$ 2, ou pagando mais de R$ 4 mil, em um vestido de festa, em uma das boutiques. Na Azevedo Sodré tem clínica de beleza, escritório de advocacia, perfumarias, salão de beleza, loja de calçados, lanchonetes, restaurantes, casa de material de construção, óticas, pet shop, lavanderia, agência de viagem, escola de idiomas, bancos, além das lojas de moda feminina e masculina espalhadas ao longo deste primeiro trecho da rua.
Passando de carro ou a pé, a universitária Paula Lícia sempre para em uma das lojas para ficar por dentro da coleção da estação. “Quando vejo uma rua diferente, me chama a atenção para ver as novidades, como na Azevedo Sodré. É curiosidade de ver as vitrines e estar sempre informada dos novos modelos. Mas nunca entro para saber mais. Sempre estou correndo, sem tempo. Gostaria de experimentar e conhecer o outro lado das lojas, mesmo os produtos sendo um pouco caros”.
Para manter um conjunto entre o comércio, não só da Azevedo Sodré, mas também das ruas próximas a ela, como a Minas Gerais, em 2006 foi criada uma associação do bairro, chamada Vila Rica. O arquiteto Cesar Correa da Costa e o comerciante Fábio Ballerini resolveram retomar uma idéia de 2001 de implantar um grupo comercial do bairro, que contempla este trecho. Este nome foi escolhido justamente por se tratar de uma associação de bairro, e não de uma única rua. “Estamos com um novo projeto de lixeiras, com o auxilio da prefeitura. O conceito de sofisticação que temos é grande, mas ainda precisamos adaptar alguns padrões na arquitetura para nos comparar a rua paulista Oscar Freire”, esclarece o vice-presidente da entidade.
OSCAR FREIRE
Situada no bairro dos Jardins em São Paulo, a rua Oscar Freire é o centro de compras mais sofisticado da capital. Por lá desfilam as melhores griffes do Brasil e do mundo, como a Vista Alegre, porcelana portuguesa, H. Stern jóias, o salão de beleza L’Officiel e a conhecida marca de canetas Mont Blanc. Além das famosas lojas de roupas Clube Chocolate, Lelis Blanc, Rosa Chá, Track & Field, Tommy Hilfinger, Brooksfield e muitas outras.
Para comer há várias opções de cafés e restaurantes. Mas, quem pensa que só existem espaços gastronômicos sofisticados, está enganado. Com quase 50 anos de existência a lanchonete Frevinho está sempre lotada, servindo lanches, sucos, pratos prontos e o famoso rabo de galo.
Recentemente, a Prefeitura de São Paulo deu uma repaginada na rua, alargando e padronizando as calçadas. A nova cara da Oscar Freire também contempla arborização e bancos, para maior conforto de seus freqüentadores.
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