PULO N'ÁGUA
Fôlego e determinação em busca do sonho. A atleta Ana Marcela treina todos os dias e não quer saber de namorar
Fôlego e determinação em busca do sonho. A atleta Ana Marcela treina todos os dias e não quer saber de namorar
Por Sheila Almeida
Apesar de saber que a temperatura da água era confortável, ela sentia um enorme frio na barriga. Até a tarefa mais simples que executa desde os 2 anos de idade, a de colocar os óculos para nadar, foi simbólica o suficiente, a ponto de não ser mais esquecida. Antes de colocar a touca com as cores do Brasil, a baiana de 16 anos respirou fundo. As memórias emergiam em sua cabeça: a família, o treinador, os amigos e ela própria participariam do momento mais esperado de sua vida: “É o sonho de todo atleta”.
Na hora certa, Ana Marcela de Jesus da Cunha pulou na água e buscou, braçada a braçada, junto com Poliana Okimoto, um lugar no pódio da Maratona Aquática das Olimpíadas de Pequim 2008. Empolgada, a jovem de 1,65 m de altura conta que conseguiu acompanhar os grandes nomes da natação mundial, que eram as primeiras colocadas, por bastante tempo, mas que por falta de visão estratégica da dupla que representava o Brasil foi se distanciando das outras competidoras.
Com o tempo de 1h59min36s8, fracassou quanto ao objetivo secundário, o de levar uma medalha. “Isso é para poucos”, reconhece. Mas saiu feliz. Também pudera, na primeira vez em que participou, marcou o seu nome na história das Olimpíadas. Foi a mais nova atleta do mundo a representar seu país na natação. Mais do que isso: Ana Marcela é a quinta melhor atleta da natação das Américas e líder do ranking mundial de Maratona Aquática 2008.
Com toda essa responsabilidade nas costas musculosas por causa do esporte e um grande nome a zelar, Ana Marcela — nascida em Salvador, em 23 de março de 1992 — chama a atenção por não deixar a humildade de lado. Antes dos treinos, fica por perto da piscina aguardando o professor chamá-la. Sempre que senta ao lado de alguém, pára e puxa conversa.
Conhece quase todos os alunos que freqüentam a mesma piscina que ela, na Universidade Santa Cecília, em Santos, e rindo diz: “Sou desse tipo de gente que fala com qualquer um. As pessoas pensam que por eu ser nova e ser mais desenvolvida no esporte, sou metida, mas nunca fui assim”.
Apesar de saber que a temperatura da água era confortável, ela sentia um enorme frio na barriga. Até a tarefa mais simples que executa desde os 2 anos de idade, a de colocar os óculos para nadar, foi simbólica o suficiente, a ponto de não ser mais esquecida. Antes de colocar a touca com as cores do Brasil, a baiana de 16 anos respirou fundo. As memórias emergiam em sua cabeça: a família, o treinador, os amigos e ela própria participariam do momento mais esperado de sua vida: “É o sonho de todo atleta”.
Na hora certa, Ana Marcela de Jesus da Cunha pulou na água e buscou, braçada a braçada, junto com Poliana Okimoto, um lugar no pódio da Maratona Aquática das Olimpíadas de Pequim 2008. Empolgada, a jovem de 1,65 m de altura conta que conseguiu acompanhar os grandes nomes da natação mundial, que eram as primeiras colocadas, por bastante tempo, mas que por falta de visão estratégica da dupla que representava o Brasil foi se distanciando das outras competidoras.
Com o tempo de 1h59min36s8, fracassou quanto ao objetivo secundário, o de levar uma medalha. “Isso é para poucos”, reconhece. Mas saiu feliz. Também pudera, na primeira vez em que participou, marcou o seu nome na história das Olimpíadas. Foi a mais nova atleta do mundo a representar seu país na natação. Mais do que isso: Ana Marcela é a quinta melhor atleta da natação das Américas e líder do ranking mundial de Maratona Aquática 2008.
Com toda essa responsabilidade nas costas musculosas por causa do esporte e um grande nome a zelar, Ana Marcela — nascida em Salvador, em 23 de março de 1992 — chama a atenção por não deixar a humildade de lado. Antes dos treinos, fica por perto da piscina aguardando o professor chamá-la. Sempre que senta ao lado de alguém, pára e puxa conversa.
Conhece quase todos os alunos que freqüentam a mesma piscina que ela, na Universidade Santa Cecília, em Santos, e rindo diz: “Sou desse tipo de gente que fala com qualquer um. As pessoas pensam que por eu ser nova e ser mais desenvolvida no esporte, sou metida, mas nunca fui assim”.
PRIMEIRA BRAÇADA
“ Foi a minha mãe quem me colocou na natação. Ela me deixava na creche que tinha piscina e, com medo que eu morresse afogada, me inscreveu na natação aos 2 anos de idade”, conta. Participou da primeira competição aos 10 anos, no Circuito Brasileiro em duas etapas, onde nadou 800 metros. Foi campeã. Em 2007, repetiu o feito e se descobriu na água: “Quando vi que seria esse mesmo o meu futuro, apostei em mim”.
No mesmo ano, veio para Santos, cidade que a esperava para disputar o Desafio Renata Agondi, um dos principais prêmios da natação no Estado. Ficou em nono lugar e recebeu o convite da Universidade Santa Cecília para permanecer na cidade. Em 2001, deu uma entrevista dizendo que em 2008 participaria de uma olimpíada. Quando o repórter lhe questionou porque não em 2004, ela respondeu que não daria tempo para estar bem preparada.
Para todas as conquistas reforça que seus ídolos são Clodoaldo Silva e os demais atletas deficientes. “Eles são bem mais eficientes que deficientes, pois conseguem melhores resultados, com maiores dificuldades”.
Após participar pela segunda vez do Desafio Renata Agondi, fixou residência em Santos com os pais. Na época das primeiras braçadas, só possuía o “paitrocínio”, como descreve. Hoje, além do apoio da Universidade Santa Cecília, onde treina, conta com o apoio da marca Maiôs Diana e uma ajuda de custo dos Correios, fato que ela atribui à imprensa, após a participação no Pan do Rio de Janeiro 2007, onde conquistou o sétimo lugar.
Caseira, Ana Marcela só troca o lar se os amigos insistirem para ela sair. Namoro? Não. Prometeu à mãe e a si mesma que passaria uns três anos para se dedicando por completo à natação, pois pode curtir depois. É difícil fazer com que mude de idéia, se alguém tentar vai demorar em convencê-la. A nadadora diz, seu principal defeito é ser questionadora, sem mudar de opinião. Se conseguir, pode levá-la para comer massa (se fizer isso com a permissão da nutricionista do patrocinador).
O prato preferido da nadadora é lasanha. Um dia de videogame também a agradaria, mas nunca, nunca tire o computador do quarto dela: “Não viveria sem ele”. Se estiver numa festa, peça para tocarem Fresno, NX0 ou Skank, mas, se quiser aproveitar de um momento frágil da garota, deixe-a ouvindo Dias de Luta Dias de Glória, de Charlie Brown Júnior. Essa melodia a fez chorar numa ocasião em que amigos mais novos do esporte ofereceram à ela uma carta em homenagem às suas conquistas. Desde a data, ela fez essas estrofes: “Na minha vida tudo acontece. Mas quanto mais a gente rala, mais a gente cresce” “(...) A vida me ensinou a nunca desistir. Nem ganhar, nem perder, mas procurar evoluir”, a própria música.
Séria, atribui adjetivo próprio como determinada: “Sou quando quero alguma coisa, mesmo que ela seja difícil, corro atrás”. Correu mesmo. A carreira é tão cheia de títulos que nem ela mesma lembra ou tem registro de todos, mesmo em seu próprio site (www.anamarcelacunha.com.br).
Seu primeiro autógrafo foi dado com certa desconfiança: “Eu fiquei assustada e achei que era brincadeira. Fiquei envergonhada e perguntei se era comigo mesmo, mas depois de umas quatro ou cinco pessoas pedirem, me acostumei”. Tem vezes que está na fila do banco ou do supermercado e comentam sobre ela. Dificilmente Ana Marcela percebe, a não ser que os amigos ou pais comentem.
Falar com ela por telefone é quase impossível. Aliás, essa é uma das principais reclamações de seus amigos, já que sempre mantém o celular longe da água e treina por cerca de cinco horas quase todos os dias, exceto aos domingos. Conversar com ela, só na piscina, local onde conversou com a nossa equipe. Pedindo licença, se despediu meio sem graça para não desobedecer as ordens do treinador Márcio Latuf. E a graça no sorriso de uma menina ao pular na piscina foi dando lugar ao olhar concentrado enquanto recolocava a touca. Os assuntos da entrevista imergiam enquanto nos olhos cerrados, se via a concentração transformada na produção de seu próximo feito: a busca pela medalha olímpica de 2012.
No mesmo ano, veio para Santos, cidade que a esperava para disputar o Desafio Renata Agondi, um dos principais prêmios da natação no Estado. Ficou em nono lugar e recebeu o convite da Universidade Santa Cecília para permanecer na cidade. Em 2001, deu uma entrevista dizendo que em 2008 participaria de uma olimpíada. Quando o repórter lhe questionou porque não em 2004, ela respondeu que não daria tempo para estar bem preparada.
Para todas as conquistas reforça que seus ídolos são Clodoaldo Silva e os demais atletas deficientes. “Eles são bem mais eficientes que deficientes, pois conseguem melhores resultados, com maiores dificuldades”.
Após participar pela segunda vez do Desafio Renata Agondi, fixou residência em Santos com os pais. Na época das primeiras braçadas, só possuía o “paitrocínio”, como descreve. Hoje, além do apoio da Universidade Santa Cecília, onde treina, conta com o apoio da marca Maiôs Diana e uma ajuda de custo dos Correios, fato que ela atribui à imprensa, após a participação no Pan do Rio de Janeiro 2007, onde conquistou o sétimo lugar.
Caseira, Ana Marcela só troca o lar se os amigos insistirem para ela sair. Namoro? Não. Prometeu à mãe e a si mesma que passaria uns três anos para se dedicando por completo à natação, pois pode curtir depois. É difícil fazer com que mude de idéia, se alguém tentar vai demorar em convencê-la. A nadadora diz, seu principal defeito é ser questionadora, sem mudar de opinião. Se conseguir, pode levá-la para comer massa (se fizer isso com a permissão da nutricionista do patrocinador).
O prato preferido da nadadora é lasanha. Um dia de videogame também a agradaria, mas nunca, nunca tire o computador do quarto dela: “Não viveria sem ele”. Se estiver numa festa, peça para tocarem Fresno, NX0 ou Skank, mas, se quiser aproveitar de um momento frágil da garota, deixe-a ouvindo Dias de Luta Dias de Glória, de Charlie Brown Júnior. Essa melodia a fez chorar numa ocasião em que amigos mais novos do esporte ofereceram à ela uma carta em homenagem às suas conquistas. Desde a data, ela fez essas estrofes: “Na minha vida tudo acontece. Mas quanto mais a gente rala, mais a gente cresce” “(...) A vida me ensinou a nunca desistir. Nem ganhar, nem perder, mas procurar evoluir”, a própria música.
Séria, atribui adjetivo próprio como determinada: “Sou quando quero alguma coisa, mesmo que ela seja difícil, corro atrás”. Correu mesmo. A carreira é tão cheia de títulos que nem ela mesma lembra ou tem registro de todos, mesmo em seu próprio site (www.anamarcelacunha.com.br).
Seu primeiro autógrafo foi dado com certa desconfiança: “Eu fiquei assustada e achei que era brincadeira. Fiquei envergonhada e perguntei se era comigo mesmo, mas depois de umas quatro ou cinco pessoas pedirem, me acostumei”. Tem vezes que está na fila do banco ou do supermercado e comentam sobre ela. Dificilmente Ana Marcela percebe, a não ser que os amigos ou pais comentem.
Falar com ela por telefone é quase impossível. Aliás, essa é uma das principais reclamações de seus amigos, já que sempre mantém o celular longe da água e treina por cerca de cinco horas quase todos os dias, exceto aos domingos. Conversar com ela, só na piscina, local onde conversou com a nossa equipe. Pedindo licença, se despediu meio sem graça para não desobedecer as ordens do treinador Márcio Latuf. E a graça no sorriso de uma menina ao pular na piscina foi dando lugar ao olhar concentrado enquanto recolocava a touca. Os assuntos da entrevista imergiam enquanto nos olhos cerrados, se via a concentração transformada na produção de seu próximo feito: a busca pela medalha olímpica de 2012.
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